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08/03/2018 - 10:03

Comércio Eletrônico

Polêmica com frete dos Correios deve acelerar a disrupção no e-commerce

Agora com contornos judiciais, o polêmico reajuste das tarifas do Sedex e do PAC pelos Correios deverá afetar o crescimento do comércio eletrônico em 2018. Por outro lado, o episódio pode acelerar a transformação da logística no setor, abrindo espaço para novos modelos e aplicativos.


O PAC e o Sedex são produtos utilizados por 92,2% e 84,4% dos lojistas virtuais brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm).


“Assim, qualquer alteração das taxas praticadas pela principal empresa de logística do País, certamente deverá gerar impacto no crescimento do setor em 2018, afetando principalmente médios e pequenos”, afirmou o diretor-executivo do Ebit, André Dias. O especialista, contudo, destacou que a concretização da medida deverá acelerar a “migração para utilização de empresas privadas, integração multicanal e entregas colaborativas.”


O mesmo reflexo é esperado pela Nuvem Shop, que hospeda mais de 18 mil lojistas. “Acontecimentos como esse geram maior interesse em melhores soluções logísticas como novas empresas, novos formatos de entrega e aplicativos facilitadores”, afirmou o cofundador da plataforma, Alejandro Vázquez.


Tal movimento já está em curso, sobretudo após o fim do e-Sedex: se em 2015, 73,1% das entregas do setor passavam pela estatal, em 2017 o volume caiu para 58,9%. No mesmo intervalo, o share de players privados passou de 21,5% para 30,4%. Já nas lojas com mais de R$ 10 milhões de faturamento mensal, a participação dos Correios é de apenas 38%.


“O que as lojas procuram é um serviço bom”, afirmou o head de operações e confundador da Mandaê, Karim Hardane. Especializada em logística para e-commerce com foco em médias e pequenas, a plataforma oferece preços e prazos de entrega menores para lojistas a partir de parcerias com nove transportadoras – entre elas os Correios. “Têm lugares onde eles fazem um bom serviço, e há lugares que não”, afirmou Hardane.


Segundo o executivo, nas últimas duas semanas a Mandaê “percebeu picos de aumento de até 30% nos leads [ou contatos novos que a empresa recebe] chegando para a equipe de vendas”. O aumento coincide com a data do anúncio do reajuste pela estatal.


Conflito


O reajuste dos preços do PAC e Sedex passou a vigorar na última terça-feira (6). Um dia antes o Mercado Livre obteve na Justiça liminar que suspendeu a aplicação da regra para lojistas hospedados no marketplace, alegando uma imposição “unilateral” da política de preços pela estatal. A polêmica cobrança extra de R$ 3 para entregas no Rio de Janeiro também foi suspensa.


A plataforma e a transportadora possuem contrato exclusivo para prestação de serviços desde 2011. Os Correios informaram estar trabalhando para suspender a liminar, que pode cair a qualquer momento.


De acordo com a estatal, o reajuste médio será de 8%. Nos últimos cinco anos, o aumento médio ponderado anual foi de 7,6%, afirmou nota da empresa enviada ao DCI. Já o Mercado Livre (que liderou campanha contra a medida nas redes sociais ao lado do Netshoes) alega que o acréscimo médio seria de 29%, batendo 51% em certos casos. Os Correios rebateram afirmando que “trechos cujo reajuste chegou a 51% representam apenas 1% de todos os envios.”


O reajuste de 8%, por sua vez, seria válido para “objetos postados entre capitais e nos âmbitos local e estadual, independentemente do Estado de origem do envio”. 60% das postagens realizadas se enquadraria na categoria. Dessa forma, tal percentual valeria em encomendas saindo de Juazeiro (BA) para Petrolina (PE) ou de São Paulo (SP) para Recife (PE), por exemplo.


Já um pacote remetido em Ribeirão Preto (SP) com destino em Vitória da Conquista (BA) teria alta de 16% via Sedex e 31% via PAC, conforme simulação feita pela empresa. Maior ainda seria o impacto se a encomenda deixasse Mossoró (RN) com destino em Bento Gonçalves (RS): o acréscimo seria de 31% pelo Sedex e 51% no caso do PAC.


As mudanças também guardam outras “surpresas”, explicou Hardane, da Mandaê. “Além da famosa taxa de R$ 3 para o Rio, agora também tem uma taxa adicional de R$ 20 se a caixa não for um retângulo”.


Já a isenção de cubagem [ou a relação entre peso e volume] caiu de dez quilos para cinco. “Antes, se o pacote ficasse abaixo dos dez quilos, o lojista era cobrado pelo peso real do produto. Agora teremos vários casos onde ele passará a ser cobrado pelo peso cubado [que é maior], e não mais pelo real.”


FONTE: DCI - Diário Comércio Indústria & Serviços




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