Sem previdência, plano para idoso corre riscos
Um dos maiores desafios de ampliar a base de idosos na medicina privada é a falta de um produto previdenciário que ajude a poupar para o gasto com saúde no futuro. Segundo pesquisa recém-lançada pela Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), cerca de 73% das pessoas com 60 anos ou mais sem convênios não planejaram a sua vida financeira.
Já entre os idosos com planos de saúde, quase metade (46%) planejou a sua vida financeira, ou seja, pouparam dinheiro, compraram imóveis ou organizaram a aposentadoria. A pesquisa Datafolha, encomendada pela entidade, foi lançada ontem (05) durante o 3º Fórum de Saúde Suplementar, organizado pela entidade.
Apesar de não conseguir estabelecer uma relação direta, o diretor-executivo da FenaSaúde, José Cechin, comenta que existem dois fatores poderiam ajudar a equacionar esta questão. A primeira é evitar a necessidade de gastos com saúde com programas de ‘envelhecimento ativo’ – denominação usada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Isso é cuidar de você a vida inteira e evitar hábitos que sabe que causam doenças crônicas. Isso diminui a necessidade de gastar lá na frente”, explicou o executivo.
Já a segunda alternativa é oferecer um produto de previdência saúde, ou seja, uma espécie de poupança que permitirá que o usuário pague seus gastos com saúde no futuro. “A ideia é que enquanto você estiver no mercado de trabalho, tem uma renda e um plano de saúde pela empresa você consiga fazer um fundo que lá na frente você pode sacar para pagar um plano”, explica o executivo. Atualmente, a faixa etária de 60 anos ou mais apresenta a maior frequência de uso em procedimentos de alto valor agregado e, portanto, tende a pagar mais pelo plano de saúde, o que dificulta a entrada de novos beneficiários no mercado.
Atualmente existe um Projeto de Lei (PL) 10 de 2015 de autoria do deputado Lucas Vergilio (SD/GO) que já foi aprovado pela Câmara e aguarda apreciação pelo Senado Federal. Para Cechin, o desafio da aprovação deste projeto é que a lei concede isenção fiscal aos contratantes. “E hoje ele [o Governo] não se sente a vontade de autorizar uma lei que conceda uma pequena vantagem fiscal”, diz.
Segundo o estudo, realizado com 1.110 entrevistas distribuídas em São Paulo e Rio de Janeiro, na população adulta brasileira 27% têm plano de saúde. Entre os idosos brasileiros o indicador chega a 29%. Se contabilizado só São Paulo e Rio de Janeiro, chega a 37%. Entre os dados de utilização, a pesquisa destaca que 82% dos entrevistados com planos de saúde, utilizam apenas médicos dos planos, seguido por quem usa os credenciados e os particulares (10%) e quem utiliza médicos particulares (8%).
Dos entrevistados com acesso à saúde suplementar, 71% possuíam plano individual, 26% empresarial e 2% coletivo por adesão. Do total, 97% não pretendem trocar de planos nos próximos seis meses e 70% dizem estar satisfeitos com o plano. O tempo de permanência média dos entrevistados nos planos foi de 19 anos.
Desempenho
De acordo com a última atualização da ANS, em agosto, o setor registrou 47,304 milhões de beneficiários de planos médico-hospitalares. Se comparado com os dados de setembro de 2015, o setor perdeu cerca de 2,27 milhões de vidas. Segundo a FenaSaúde, dos 700 mil usuários que perderam seus planos, 370 mil estão em São Paulo. A explicação, segundo Cechin, está relacionada à proporção de beneficiários na região e o desemprego.
FONTE: DCI - Diário Comércio Indústria & Serviços
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