Comércio perdeu mais de 40 mil empresas e 412 mil empregos em 2015
A deterioração no mercado de trabalho e a inflação alta afastaram os consumidores das compras em 2015. A redução nas vendas já era conhecida, mas o resultado da Pesquisa Anual de Comércio daquele ano mensura o impacto da crise no comércio brasileiro: fechamento de estabelecimentos, demissão de funcionários e queda no salário médio. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Foi a primeira vez que tivemos redução no número de trabalhadores ocupados, queda nos salários e redução na receita operacional líquida”, contou Danielle Oliveira, gerente da pesquisa do IBGE, com série histórica iniciada em 2007.
Em 2015, foram fechadas 30 mil lojas, e 40 mil empresas do ramo do comércio encerraram suas atividades, o que resultou em 412 mil postos de trabalho extintos no setor. Ao fim do ano, o País tinha 1,573 milhão de empresas dedicadas ao comércio, que geraram R$ 3,1 trilhões de receita operacional líquida e R$ 550,5 bilhões de valor adicionado bruto. Naquele ano, foram pagos R$ 206,3 bilhões de salários a 10,3 milhões de pessoas ocupadas, em 1,705 milhão de estabelecimentos.
Segundo o IBGE, o desempenho do comércio foi impactado por variáveis que determinam o comportamento do consumidor. Em 2015, a restrição ao crédito e a redução na renda diminuíram a confiança do consumidor e, consequentemente, o consumo das famílias.
“O cenário é de depressão do crédito, de queda na renda, de uma retração econômica de 3,8% conforme os resultados do Produto Interno Bruto (PIB). O comércio seguiu a mesa tendência dos outros dados da atividade já divulgados”, lembrou Danielle.
A receita operacional líquida do comércio caiu 0,5% na passagem de 2014 para 2015. O número de unidades locais ficou 1,7% menor. O mau desempenho teve consequências para o mercado de trabalho no setor. O número de vagas diminuiu 3,9% em relação a 2014, enquanto o salário médio mensal real de quem permaneceu empregado encolheu 0,8%. Como consequência, a massa salarial real paga aos trabalhadores foi reduzida em 1,7%.
O salário médio pago pelas empresas comerciais brasileiras foi de 2 salários mínimos. O comércio atacadista tinha o maior salário médio em 2015, 2,9 salários mínimos. Entre as atividades, os salários mais elevados foram do comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes (6,2 salários mínimos) e comércio atacadista de equipamentos e produtos de tecnologia de informação e comunicação e comércio de máquinas, aparelhos e equipamentos; e produtos químicos (4,4 salários mínimos).
Em relação à produtividade, o destaque também foi o comércio atacadista, com R$ 111.351 de valor adicionado gerado por pessoa ocupada, contra uma média de R$ 53.579 no total da pesquisa. Entre as atividades, a liderança foi também do comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes: R$ 348.417 por trabalhador.
O segmento de comércio de veículos, peças e motocicletas teve o pior desempenho no ano, com queda de 11,0% na receita operacional líquida, recuo de 4,2% no pessoal ocupado e redução de 0,8% no número de unidades locais. Ainda assim o segmento aumentou em 0,3% o salário médio mensal dos trabalhadores que permaneceram ocupados.
FONTE: Estadão
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