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10/04/2017 - 09:35

Operação Lava-Jato

Lavagem de dinheiro atinge mercado imobiliário paulistano, traz estudo

O estudo “São Paulo: Does corruption live next door?”, da Transparência Internacional, mostra que existem na capital paulista 3.452 imóveis registrados em nome de 236 empresas ligadas a companhias offshores registradas em paraísos fiscais nas Ilhas Virgens Britânicas, no Estado de Delaware (EUA), no Uruguai, Panamá e na Suíça. Esses imóveis contam com sigilo total de propriedade e, somados, valem R$ 8,6 bilhões.


Somente no corredor das avenidas Chucri Zaidan e Engenheiro Luiz Carlos Berrini, região empresarial onde estão instaladas multinacionais de vários setores e grandes empresas nacionais, 820 endereços cujos donos são brasileiros mas o título de propriedade está vinculado a uma offshore valem R$ 1,1 bilhão. Na avenida Paulista, são outros 195 imóveis na mesma situação com valor de mercado estimado em R$ 120 milhões.


O levantamento foi feito a partir do cruzamento de dados do IPTU de pessoas jurídicas com registros na Junta Comercial do Estado de São Paulo. Ele não aponta irregularidades nas descobertas, mas lança alertas sobre a possibilidade e facilidade de utilização do mercado imobiliário para lavar dinheiro de origem ilícita.


“A Operação Lava-Jato revelou como as empresas usavam redes de empresas offshore para subornar funcionários. A Odebrecht pagava subornos e lavava dinheiro através de pelo menos três camadas de offshore. Esses tipos de empresas são usadas para fins de corrupção especificamente porque escondem quem realmente é dono dos ativos. Ou seja, é impossível descobrir quem é a pessoa real por trás dessas empresas. Essa investigação inovadora deve chamar atenção de legisladores e formuladores de políticas. É alarmante que não possamos descobrir os verdadeiros proprietários de R$ 8,6 bilhões em propriedades só na cidade de São Paulo”, diz José Ugaz, presidente da Transparência Internacional.


O consultor sênior da TI no Brasil Fabiano Angélico, principal autor da pesquisa, conta que levantamentos semelhantes foram feitos em Londres e Vancouver, no Canadá, e apresentaram resultados semelhantes. Ele relata que é muito complicado levantar dados de propriedades de pessoas jurídicas no país e que o controle governamental sobre esses registros são frágeis.


“Tentar descobrir os verdadeiros proprietários desses tipos de propriedades em São Paulo é quase impossível, apesar de muitos bancos de dados serem públicos. Precisamos de modelos mais fáceis de usar e de fazer consultas, de mais transparência. Passamos milhares de horas debruçados sobre arquivos e fazendo triagem a mão. A tecnologia está lá, precisamos apenas da vontade política”, afirma Angélico, lembrando que, em São Paulo, há muitas informações disponíveis na internet, mas, em outras capitais, a situação é mais difícil, o que atrapalha o controle social e a supervisão institucional.


O estudo tem lançamento oficial na manhã de hoje me debate na Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo.


FONTE: Valor Econômico



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