Senado aprova MP que adiou entrada em vigor do “Marco Regulatório da Sociedade Civil”
O Plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (25) a Medida Provisória (MP) 658/2014, que adiou a entrada em vigor da Lei das ONGs ( Lei 13.019/2014). A medida altera a lei considerada marco civil no relacionamento das organizações não governamentais (ONGs) com o Estado, estabelecendo sua validade a partir do final do próximo mês de julho. Pelo texto original, a lei entraria em vigor no final de outubro do ano passado. A lei estabelece normas gerais para licitações e contratação das entidades sem fins lucrativos, com alcance sobre União, estados, Distrito Federal e municípios. A legislação ainda reforça o monitoramento e a avaliação das parcerias, que se dará paralelamente à fiscalização pelos órgãos de controle.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), relatora da matéria, lembrou que a comissão mista que analisou a MP realizou uma audiência pública com representantes do governo e da sociedade civil, além de parlamentares, para buscar sugestões para o tema. Gleisi relatou que foram apresentadas 59 emendas, sendo 57 de deputados e duas de senadores. A maioria foi acatada de forma total ou parcial no Projeto de Lei de Conversão (PLV) 19/2014, que foi aprovado por unanimidade na comissão em dezembro do ano passado. As alterações, no entanto, foram rejeitadas na Câmara — que aprovou o texto original da MP.
Gleisi disse lamentar a posição dos deputados, pois “não foi discutido o mérito do projeto”. A senadora fez uma defesa das alterações realizadas na comissão, mas admitiu a dificuldade de aprovar o texto — o que obrigaria a MP a voltar para a Câmara, com o risco de perder a validade. Gleisi fez questão de informar que acatou as emendas de vários deputados da oposição e as sugestões de várias entidades filantrópicas. Ela ainda negou que suas alterações aliviariam a fiscalização das entidades civis e opinou que a lei atual é mais rígida com as ONGs do que com as empresas privadas.
Conforme explicou a relatora, seu relatório trazia mudanças como a prestação de contas das ONGs de modo parcial, a ampliação de metas e a inclusão de cooperativas no conceito de organização da sociedade civil. Critérios para seleção de entidades, regras sobre nepotismo e mais tempo para os ajustes nos contratos dos municípios também estavam entre as alterações propostas pela senadora. Para Gleisi, esse não é um tema partidário ou governamental, mas é um assunto que interessa à sociedade como um todo.
— Lamento que tenhamos de votar apenas a MP como veio do Executivo. Sequer tivemos a oportunidade de fazer um debate sobre as alterações do PLV — afirmou a senadora.
Fonte: Agência Senado.
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